terça-feira, 27 de outubro de 2009

Abraço de Mae

Acabei de sentir o meu Filho a abraçar-me.

Foi como se Nazaré e Belém se juntassem num único momento,

o meu sim e o primeiro balbuciar humano de Deus.

E voltei a ouvir aquele riso que dava vida às coisas,

e a sentir as mãos tão solícitas em tocar e curar.

Revivi os sinais e as palavras que guardei como tesouros,

as vidas transformadas pelo seu olhar,

e os futuros abertos pelo seu perdão.

Estremeci de alegria como Ele me fizera estremecer

quando fui ter com Isabel.

Mas esta era uma alegria nova,

capaz de vencer todas as tristezas e curar todas as lágrimas.

A alegria de um amor sem fim, de um dia sem ocaso.

Senti-o curar no peito a ferida que a lança no seu lado

também abrira em mim, como tinha dito o bom Simeão.

Não desejo noites como estas a nenhuma mãe

e agora sei como rasga o coração a morte de um filho.

João esteve sempre comigo

e nem chorar sabíamos porque as lágrimas

não diziam aquela dor imensa

e uma estranha esperança a lutarem em de nós.

Era o fim mas tudo parecia suspenso

de um princípio que nos ultrapassava,

como se estivéssemos nos primeiros lugares

de um mundo novo que ia romper a casca da história.

Era o fim da vida que conhecíamos, de egoísmo e indiferença,

e sentíamo-nos tão pequeninos e frágeis

para o novo que se aproximava.

Há pouquinho, com o primeiro raio do sol desta manhã,

o meu querido Filho abraçou-me como só Ele sabe

e convidou-me a entrar na vida nova.

Olhei-O, toquei-Lhe, senti-O tão o mesmo e tão Outro,

a envolver-me de um amor indescritível,

que se estendia aos seus amigos, e a tantos, e a todos

do mundo e do universo. Nesse amor me encontro

e saboreio a surpresa de Maria, de Pedro e de João

e de todos os que hoje e em muitos outros hoje

vão encontrar a Vida no meu Filho!

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